21 de fev. de 2017

60 Horas em uma penitenciária. Parte 3.

Dando continuidade a série, sobre meu estágio em uma penitenciária de Minas Gerais, onde a primeira postagem e a segunda podem ser conferidas, aqui e aqui.

A enfermaria


Típica rotina de trabalho do local. Fonte aqui.
Como já é sabido por todos, preso tem direito a saúde, dentista e acompanhamento médico. Como eles não podem ir até os postos de atendimento, os postos de atendimentos vêm a eles. Dentro das unidades, há sempre (quase sempre) uma enfermaria, equipada com aparelhos e profissionais da saúde: médicos, enfermeiras, farmacêutico, dentistas, profissionais da saúde em geral. 

Algumas unidades são melhores equipadas, outras não. A que eu estava possuía todos os profissionais que listei acima, quase todo o corpo de profissionais deste local era composto por mulheres, tendo apenas um ou dois ASPs realizando a segurança do local.

Uma das grandes dores de cabeça dos gaiolas (ASPs que tomam conta da gaiola: área limite do ponto crítico (celas) com a área de segurança) são as dezenas de "caô" que os presos ficam enviando para eles. Caô são bilhetinhos que os presos deixam com os gaiolas, solicitando atendimento (médico, jurídico, educacional, visitas íntimas, etc) muitos contendo uma boa dose de mentira e enrolação, outros não.

As enfermarias, são minas de ouro para os presos e para o comércio entre eles. Como os presidiários possuem direito a remédios e as unidades de tratamento possuem remédios importantes para o "convívio social deles" não era de se esperar outra coisa. Estou falando dos remédios taxa preta, controlados e outros de mesma natureza. Remédios que são usados como drogas, para provocar as "viagens", para potencializar os efeitos das drogas, os que misturados com outros, ou tomados em grandes doses provocam efeitos psicodélicos ou psicotrópicos.

Os presos gostam tanto de remédios que há até uma expressão dos agentes penitenciários: "Com um vidro de Tylenol, você segura uma rebelião". 

Os diretores até que tentam realizar um controle destas substâncias e remédios, mas por lei não podem negar remédios aos presos, sem contar que alguns presos conseguem via jurídica para receberem tantas doses de determinado remédio. Ainda mais pela condição carcerária deles, é relativamente fácil para um preso conseguir pela justiça o direito de fazer usos desses medicamentos, para aliviar seu traumas e stress. 

Há sim o atendimento a presos que estão realmente doentes, com doenças graves ou menos grave, mas o comércio de remédios existe e é bem rentável na cadeia, tanto para os presos tanto para os funcionários.  Vocês conseguem ler nessas entrelinhas o que quero dizer, não que eu tenha visto, apenas escutado histórias.

Uma das coisas que os presos gostam de fazer também, é mostrar o pênis para as enfermeiras. Eu devo ter levado uns 10 presos para atendimento médico nas partes íntimas. Alguns (quase todos) presos ficavam algemados para a frente, e as próprias enfermeiras tinham que tirar a calça e cueca do indivíduo, para pegar na rola do preso. Eu tinha que ficar no consultório, protegendo a integridade física da enfermeira, acabava vendo essas cenas (homem pelado é que mais se vê nas cadeias). Algumas vezes elas faziam com gosto, outras vezes com nojo. Alí pude notar como mulheres agem em relação ao tamanho do órgão masculino, experiência ao vivo e em loco. 

Normalmente a cara, o sorriso, higiene e a conversa do preso faziam com que elas fossem mais receptivas a consulta, o cheiro incomodava muito elas, a aparência e tamanho também. Ou talvez foi apenas viagem e minha imaginação tendenciosa. O fato é que havia sim diferença no tratamento dos presos, diante deste tipo de consulta, os motivos não posso afirmar quais eram, apenas suspeitas tendenciosas ao folclore urbano.  

Fonte: aqui
Não quero dizer que presenciei mamadas e relações sexuais, apenas que algumas vezes elas faziam uma vistoria mais detalhada, ficavam mais tempo segurando o órgão, algumas vezes faziam perguntas clínicas segurando o phalus, esboçavam sorrisos, na maioria das vezes nem olhavam direito. Uma grande parte do público de presos são compostas por moradores de ruas, viciados que nem banho tomavam, doentes aidéticos, mendigos, aleijados. Há também a outra parte, presos fortes, musculosos, jiu jiteiros,  chefes de tráficos, brigões de bar, ratos de academia, lutadores de muay thai, etc. Até um ex vereador da cidade eu encontrei lá dentro. Sem contar que tem muita rotação de preso, é gente entrando e saindo presa o tempo todo, e na penitenciária havia mais de 1000 presos, onde uns 300 rotacionavam por mês. Tenho uma leve suspeita que essas meninas e mulheres viam e seguravam mais pênis que muita garota de programa por aí.

Na enfermaria também há celas, normalmente presos que precisam de tratamento médico especial, X9, presos marcados para morrer, estupradores de menor, ou então estão se recuperando de uma bela surra que tomaram de outros presos, ficam acautelados na enfermaria. Em geral, presos que precisam de seguro e não tem onde colocá-los.

Na semana em que estive lá, notei que a rotina é bem, mas bem mais leve do que as dos postinhos de saúde públicos. Não há filas, pessoas doentes caídas pela chão, cadeiras ou macas nos corredores. Ficam no máximo um ou dois presos recebendo atendimento na enfermaria, após o atendimento terminar é que elas (enfermeiras) dão autorização para buscar outro preso para o atendimento. Há também um limite máximo de presos que elas atendem por dia, acredito que cada uma deve atender no máximo uns 5-7 presos por dia, não posso afirmar com precisão os números, mas sei que não é muito, sempre que chegava lá havia uma roda de conversa, claro, casos graves se abre exceção. Os agentes penitenciários, não gostam também de ficar entrando em corredores e celas lotadas, para tirar preso para o atendimento, então nem eles nem elas reclamam da falta de atendimento clínico.  Acredito que durante as campanhas de vacinações, o trabalho é um pouco mais puxado, eles possuem direto prioritário de receber vacinas, por estarem em ambiente confinado.

Quando há casos mais graves, ou quando não há especialistas no unidade, os presos são escoltados até os hospitais públicos. Eles, os presos, possuem atendimento prioritário e passam na frente de todo mundo, não importa o tamanho da fila que a unidade de saúde pública possuí, eles sempre são atendidos rapidamente. 

Jurídico e cartório


Essa parte, infelizmente eu não tenho muito o que falar. Só fui duas vezes a estes locais, não tive muito acesso a este departamento penitenciário. Nem fotos eu encontrei na net, então vamos ter de exercitar a imaginação.

Uma coisa que vamos ter em mente é que advogados são semi-deuses para os presos, eles são quem ajeitam suas vidas dali para frente. O atendimento ao jurídico e ao cartório, são também fontes de muito caô, os bilhetinhos dos presos para os agentes de segurança penitenciários. Jurídico e cartório são departamentos diferentes também.

O Jurídico é onde os advogados contratados pelos presos atendem e são muitos. Eles, os advogados, são imunes as leis penitenciárias. Podem entrar e estacionar seus carros dentro das penitenciárias, podem andar sem escolta (ASPs) pela penitenciária, não podem sofrer revistas, não podem ter seus pertences revistados, possuem salas com acesso a internete, podem usar celular dentro da penitenciária, possuem café e lanche da tarde bancado pela unidade penitenciária. 

Vou tentar descrever um pouco o prédio e ala jurídica. Eles possuem um prédio, afastado dos demais pavilhões dos presos, não muito. O prédio tem a sala de espera, onde os advogados ficam aguardando os agentes trazerem os presos para o atendimento. 

A sala está equipada com mobiliários, como sofá, filtro, garrafa de café, mesas, copos descartáveis, uma televisão lcd, duas baias com computadores conectados a net. Normalmente, eles ficam conversando fiado, no telefone ou navegando na internete enquanto aguardam seus clientes. Não são mobiliários novos, e nem os pcs são de última geração. 

Já logo quando entrei no local, fui estranhamento abordado por três advogados com seus ternos, gravatas e pastas. Eles vinham com jogos de perguntas sobre como os agentes estavam no dia, de como ouviam barulhos estranhos vindo dos pavilhões, que tinham visto presos mancando, o que eu achava das leis carcerárias e de como os presos são tratados. Se eu achava certo punir quem já estava sendo punido pela sociedade, tentei ficar calado, não por ser velhaco com as artimanhas deles, apenas por que estava me sentindo oprimido. Sentia que eles estavam procurando algo para usarem a favor de seus clientes, ou para ferrar alguém alí. Eles eram eloquentes, bem articulados  e eu, um sujeito do interior sempre fico acanhado e sem jeito diante de pessoas assim, normalmente acabo ficando mudo diante dessas pessoas. Como mecanismo de defesa social, para não dar muita bobeira, gafes, ou medo de me passar como idiota.

O agente que estava me instruindo, logo me tirou para longe dos advogados e me recomendou ficar bem longe deles, alertando que é bem comum eles abrirem processos contra os ASPs. 

Quando o Agente chega com o cliente (preso), o advogado se levanta e o conduz para uma corredor, cheios de salas, as quais possuem um vidro (janela que não abre) que dá para este corredor, sua medida deve ser de 25 cm x 25 cm. Nesta sala, só é permitida a entrada do advogado e do preso, o agente penitenciário deve ficar do lado de fora, para não ouvir a conversa e nem ver os detalhes do que se passa no atendimento, apenas observando pela vidraça do lado de fora. Se o advogado passa algum celular para o preso, ou outro material proibido no estabelecimento, o agente tem de responder no cartório, sobre sua postura e falta de atenção na hora de conduzir um preso para o atendimento.

Já o departamento que eles chamam de cartório, é onde os presos fazem as denúncias de maus tratos, agressões verbais e físicas que sofrem dos agentes penitenciários. Se o agente não fez seu trabalho de ouvir e atender os pedidos dos presos, se eles lhe faltaram com respeito, se agrediram, ou tiveram atitudes agressivas com as visitas, etc. É uma sala que possui um movimento considerável, tanto de presos fazendo as denúncias, como de agentes que têm de darem as devidas explicações para seu desvio de conduta. 

Os agentes não têm acesso aos advogados e analistas jurídicos que a penitenciária possui, eles só atendem as solicitações dos presos e abrem processos contra os agentes, ou fazem trâmite jurídico de redução de pena para os presos.

Está ficando mais extenso do que eu imaginava, ainda vou ter de fazer a parte 4 e quem sabe a 5, para terminar minha experiência. Se quiserem que eu pare, para não ficarem enchendo o blog roll de vocês com assuntos que não é pertinente a blogosfera, é só dizerem. Ou então, se possuem alguma curiosidade sobre estes estabelecimentos que não estão sendo contempladas neste humilde relato.

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10 de fev. de 2017

60 horas em uma penitenciária! Parte 2

Dando continuidade a série onde relato minha experiência de trabalhar, na verdade frequentar, uma penitenciária por 60 horas.

A primeira parte pode ser conferida nesta postagem!  

O Motim!

Fonte: http://s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2013/02/22/dsc05567_pedrotriginelli.jpg
Após eu adentrar os portões desta masmorra, digo penitenciária, e me tranquilizar mais, devido a contingência de recrutas e pela melhor aparência do local, fomos divididos em equipes, onde tivemos nosso cronograma de visita e designado um falcão (líder) que ficaria de olho e cuidaria de nossa equipe de novatos. 

Ao todo, acredito que a penitenciária estava recebendo 160-180 estagiários, minha equipe era composta por cerca de 35 homens.

No primeiro dia fomos levados ao pavilhão onde ficam os detentos já com condenação. Uma coisa que descobri é que preso condenado dá menos trabalho dentro das penitenciárias, tanto que presídios onde teoricamente só há presos condenados, o trabalho é mais tranquilo. 

Era o pavilhão mais novo, com muito espaço e cheio de grades e gaiolas de proteção, os banheiros estavam todos destruídos e sujos, impossíveis de serem usados com tranquilidade.  

Corredores que levam as alas das celas. Porém este é de uma cadeia privada, a "nossa" tem o chão de cimento já deteriorada, paredes sujas e encardidas, grades enferrujadas. Fonte neste link

O falcão, diante da última gaiola de cada bloco antes de entrarmos nos corredores das celas, nos instruía e orientava a respeito dos presos e do local. Essa gaiola, é uma gaiola mesmo, quadrada, composta de grades e telas até no teto, com duas portas. E esta, a gaiola, é cercada ainda por dois conjuntos de grades, é o limite de área de segurança e da área crítica, os corredores onde ficam as celas e os presos. Não importa o que aconteça dali em diante, as grades e portões que trancam a gaiola e os corredores das celas devem ficar sempre fechados, mesmo que os agentes ali dentro estejam sendo atacados, violentados e outras coisas mais. 

O falcão apontava sobre os detalhes da celas e corredores, mas eu só conseguia ver as telas e as grades. As telas são muito finas e justas, quase não havia espaço para passar a luz, e me perguntava como ele conseguia ver através dessa cortina de grade e tela.

Foi quando ouvimos os primeiros estrondos, barulhos de tiros e granadas, distantes. Por segurança fomos retiradas para fora do presídios e tivemos de aguardar 4 horas lá fora, no pátio que do estacionamento. O motim aconteceu em outro pavilhão distante (há penitenciária é bem grande), lá fora eu só ouvia os barulhos das granadas e tiros de borracha. Conversando com os colegas que estavam no pavilhão do presos provisórios, onde aconteceu o motim, eles descreveram que os presos que estavam no pátio, tomando o banho de Sol, começaram a gritar o hino do PCC e a jogar pedras na gaiola onde eles estavam, então o esquadrão especial interveio, para acalmar os ânimos do presos que queriam fazer uma bela recepção para os verdinhos(novatos).

Apesar de eu não ter presenciado a cena de camarote, foi a primeira vez que ouvi barulhos de granadas de IMPO (Instrumento de Menor Potencial Ofensivo) sendo explodida e de 12 cuspindo balas de borrachas.  

A Escola


Dentro desta unidade, há uma escola em funcionamento, "educando e ressocializando os presos". Ela está inserida no melhor pavilhão da penitenciária, onde não há superlotação das celas, apenas lotação (Se a cela tem 4 beliches, tem 4 presos), onde os corredores são mais limpos que dos outros pavilhões (Presos selecionados têm de fazer uma boa faxina no local), não há gritarias e bateção de cela o dia todo. Na verdade há um silêncio constrangedor durante a maior parte do tempo, ouvindo ás vezes o cochichar de vozes. Até as TVs são ligadas quase que no volume mínimo, dentro das celas, e todas elas, possuíam de uma a três TVs e outros utensílios, como rádios, livros. Como fiquei apenas um dia lá, e o acesso e horário aos corredores são restritos, acredito que seja um acordo mútuo de boa vivência entre os presos e os ASPs (Agentes de Seguranças Penitenciários), e pela falta de luminosidade das celas, ainda vou falar sobre elas, não se dá para ver tudo que há dentro de uma cela, por mais minúsculas que elas sejam.

É onde a maior parte dos grandes criminosos, chefes de facções e tráficos estão! Ou então, os presos mais velhos de casa, que pagam cadeia há uns 10 anos.

Os agentes alí não andam batendo botas nos corredores, não falam alto e em tom imperativo, devo dizer que algumas vezes eu mal conseguia escutar e entender o que os agente penitenciários falavam com os presos nas portas das celas, é como se nenhum dos presos quisessem que a conversa ou o pedido de atendimento fosse ouvido por outro ou pela cela vizinha.

Nesse pavilhão, muitos presos tem acesso a educação, salas de aulas e professores. E com isso ganham progressão de pena, além de outros pequenos benefícios que a escola pode proporcionar a eles. Como o fato de estarem em contato com professoras (mulheres) acho que eram cinco professoras e quatro delas namoravam algum preso ali. O fato de como as mulheres são atraídas por esses indivíduos não será discutido nesse momento.

Mas a escola sim, devo dizer que eu como analista educacional, com mais de 50 escolas para olhar, não tinha visto uma escola tão bem arrumada e com mesas e carteiras tão novas. Todo o imobiliário da escola é novo, sem sujeira e em perfeito estado, prateleiras e armários dentro das salas para guardarem seus pertences escolares, quadros e lousas brilhantes e novas. Sala de informática com um computador para cada aluno, porém a direção da penitenciária havia proibido a utilização dos computadores, mas eles estavam lá. A escola não possuía projetos pedagógicos sofisticados, como a rádio estudantil (um rádio que funciona dentro do colégio que é administradas por estudantes), que serve apenas pros alunos enviarem cantadas uns para os outros, ou para estourarem as caixas de sons com seus funks e proibidões, nem tele salas (aulas on-line via telão) ou educação integral. Mas era uma boa escola, com bons livros, poucos alunos por sala, contingente de professores adequado e mobiliário novo.

Se parecia um pouco com essa! Fonte: http://www.piaui.pi.gov.br/images/albuns/album_1961/50461b5227_media.jpg


       
fonte: http://www.visitanteseap.rj.gov.br/VisitanteSeap/images/projetos/gabrielferreiracastilho.jpg

Acredito que o orçamento para essas unidades escolares seja separado do orçamento das outras escolas, porém não consigo afirmar isso aqui. Sei que alguns projetos realizadas nas penitenciárias possuem verbas desvinculadas (quando são separadas de um bolo maior para atender um bolo menor) do orçamento educacional.

Em termos de segurança, a escola é ponto mais vulnerável de toda penitenciária. Nas salas de aulas não há agentes, apenas professores e eles e elas ficam sozinhos com esse tipo de pessoa, tendo apenas sua boa educação como arma para se defender de qualquer coisa que possa acontecer ali. Há também uma certa rixa entre ASPs e Professores, coisa de ideologia.

Há também presos que estudam fora, fora dos muros das penitenciárias. Eles possuem viaturas e motoristas (ASPs) para levar e buscar os mesmos nas escolas e faculdades que frequentam, este é um direito que eles conseguem via justiça e influência.

Se os presos são ou não ressocializados através destas unidades educacionais, não há como dizer! Já me falaram que não há nenhum estudo sobre o caso, sobre até que ponto uma pessoa pode ser ressocializada. Ao meu ver, se é possível, deve ocorrer numa taxa de aproveitamento extremamente baixa, menos de 5%.  

Será que compensa toda verba gasta para um projeto desse, onde há boas escolas dentro de penitenciárias, motoristas e viaturas para levar e buscar presos nas escolas e faculdades?

Logo, logo darei início a parte 3 desta série.


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8 de fev. de 2017

60 horas em uma penitenciária! Parte 1.

Fonte: http://mestredoscentavos.blogspot.com.br/2016/09/atualizacao-patrimonio-financeiro.html
Olá meus queridos!

Postergai bastante para fazer este post, pois era algo que eu queria muito contar como foi a experiência de adentrar os muros deste local. Porém, demorei demais para escrever sobre o assunto, e a memória e os sentimentos já não estão mais tão frescos assim

Antes de mais nada, gostaria de salientar que:

As opiniões expressas nesta postagem são opiniões de alguém que não tem gabarito para falar sobre este assunto, visto que apenas 60 horas em uma única penitenciária brasileira, não dá embasamento nem bagagem suficiente para criticar e avaliar o sistema penitenciário de MG.

Aqui será relatado a visão de um cidadão, que nunca, mas nunca sequer pensou em pisar nesse ambiente, nunca havia passado nem perto de alguma estrutura dessas (penitenciárias e presídios). Um cidadão que veio e viveu uma vida inteira na roça, interiorzão do triângulo mineiro. Tão bobo que nem em uma cadeia havia ido em sua vida.

Já deu para notar que eu era um tremendo barriga verde na área de segurança, não servi o exército, não fiz tiro de guerra, não tenho conhecidos policiais, e na infância fui doutrinado pelo maxianismo e socialismo da vida, ou seja, era um esquerdista com ideias "moderninhas e sofisticadas" entre elas, a "bandeira" dos direitos humanos para os manos.

Como todos sabem, devido ao alto salário da área de segurança pública, fui instruído e seduzido a entrar nesse ramo, por ter digamos portas "fáceis" de serem adentradas via concurso público, que não é muito concorrido em vista das outras áreas, como judiciário e áreas civis públicas. 

E definitivamente, é muito, mas muito melhor ser agente penitenciário do que trabalhar na linha de produção de indústrias agrícolas. Gostaria eu de ter conhecido essa área ainda jovem e seguido carreira militar. Recomendo para qualquer um que ainda é jovem o bastante para seguir carreira, não como Agente Penitenciário e sim como polícia (em cidades de até um milhão de habitantes) ou melhor ainda nas forças armadas. O que pude notar é que os Agentes Penitenciários são a ralé da segurança pública, e eles sabem disso! Porém não aceitam ou não querem aceitar tal estigma, o sonho deles é ter equiparação salarial e de benefícios de seus primos ricos, Polícia Militar, Cívil e o mais ostentada cargo de bombeiro, sem contar o alto escalão da segurança pública, as polícias federais.

Os salários são bons, as regalias (benefícios) bons, trabalho não é puxado, não tem muita pressão como bater meta, ou vencer o robô que fica cuspindo 10 tonelada/hora de grãos em sua cara. Tem sim as partes ruins do trabalho, as partes tensas e com riscos da sua integridade físicas, mas elas acontecem esporadicamente.

O salário inicial do Agente Penitenciário em MG é de R$ 4.098,00 ( O de Policial Militar, Bombeiro e Cívil são bem maiores), não foi incomum eu encontrar porteiros e recepcionistas que ganhavam 6k na penitenciária. E devido a essa crise que estamos passando na segurança pública, tenho certeza que vão receber aumento, ainda este ano.

O que descobri também: É uma área bastante sexista!!

Mulheres têm muito mais privilégios e benefícios que os homens, porém diferentemente da área privada onde isso acontece de forma velada e política, os benefícios delas são regulamentados por lei orgânica, tanto estadual quando nos decretos da SEAP (Secretária de Estado de Administração Penitenciária). O que já de início, ainda nas aulas teóricas do curso de agente penitenciário já me causava certa revolta. 

Para se ter uma idéia da  discrepância, na lei, o Agente Penitenciário de Segurança Prisional (ASP) "MASCULINO" tem de passar por revista íntima ao entrar e sair da penitenciária. A revista íntima é proibida de ser feita em ASP do sexo feminino, mesmo sendo realizada por outra mulher. Para se ter uma idéia, a revista íntima hoje em dia é proibida até em visitas íntimas dos presos (Mulheres e meninas, sim meninas de 16 anos, que vão lá dar pros presidiários) mesmo havendo suspeita que elas estão portando drogas e celulares nas áreas íntimas.

A idéia de ter de pagar bundão, andar agachado, fazer agachamento arreganhando o ânus para outro homem me tirava o sono. Porém, graças a Deus essa é uma lei onde é feita vista grossa, os ASPs da penitenciária não faziam seus colegas passarem por essa situação todos os dias (é feita sim, em caso de suspeita de tráfico ou outras coisas), o que posso dizer é que não tive de passar por isso! Mas segundo dizem, há ASPs que já passaram por isso. Se não engano, o pessoal também estavam lutando para derrubar isso no papel.

O primeiro contato

Fonte: http://uipi.com.br/wp-content/uploads/2012/11/cadeia-no-brasil.jpg

Não vou negar que estava com muito, mas muito medo mesmo de adentrar os corredores da penitenciária. O que eu sabia sobre elas eram apenas o que é falado na mídia, nos vídeos de WhatsApp sobre rebeliões.

E muitas professores do curso teórico, fizeram questão de maximizar o lado ruim do local também, aquelas coisas militares de fazer pressão psicológica e tal. 

Falaram dos companheiros que pegaram tuberculose e hanseníase nos corredores da penitenciária, nas tentativas e artimanhas dos presos aidéticos em querer contaminar os agentes, através de lançamento de agulhas contaminadas nos ASP, ou então nos confrontos diretos, ou de inseri-las em locais estratégicos para que o ASP se espete na mesma. Nos arremessos de objetos cortantes e pedras nos agentes enquanto estes caminham pelos corredores; Nos arremessos de marmitas cheias de bostas e mijo nos ASPs. Nos companheiros que quase e os que foram agarrados pelos presos, por terem passado perto demais das grades, e quase foram estrangulados. Nos casos e casos em que os presos atacaram o agente que o estava conduzindo para um atendimento fora da cela (advogado, médico, direitos humanos, ongs, igrejas, psicólogos, ninfetas vadias, etc). Nos casos onde você e mais dois companheiro tem de entrar dentro de uma cela lotada de bandido, armado apenas com porrete e tonfa, e dar um geito de salvar a vida de outro preso. Amigos que foram pegos em rebeliões e nunca mais foram os mesmos, amigos que foram assassinados fora do trabalho. Enfim, coisas que eu nunca sonhava em passar, devo relatar que nunca dei sequer um soco em alguém.

Confesso que adentrei os portões da penitenciária com o cú não mão e com medo até de minha sombra, meus sentidos, visão e audição estavam aguçados ao extremo, adrenalina nas alturas. Isso é algo que notei nos antigões (Agentes que trabalham mais de 6 anos nos presídios e penitenciárias). Eles possuem bons ouvidos ou pelo menos são muito atentos aos detalhes sonoros, cheiros e movimentos, nem todos é claro, mas os que se destacam na profissão, naqueles em que você quer que esteja perto quando uma merda acontecer.

Mas para minha surpresa, o local não é assim um bicho de sete cabeças, a adrenalina e o medo foram logo passando pela quantidade de recrutas que haviam, e o local não era assim tão sujo. Devo dizer com toda certeza que o centro de Belo Horizonte fede mais que um pavilhão da penitenciária em que estava. A gente quase não tem contato com presos, para se chegar até o corredor onde ficam as celas, tem de se passar por muitas gaiolas até chegar lá.

A imagem abaixo representa bem como são os corredores de onde eu estava:

fonte: http://www.meionorte.com/uploads/destaque/2015/4/11/thumb/thumb-r-660x456-0x0projeto-registrar-sera-implantado-em-todas-as-penitenciarias-do-piaui-afirma-sejus-pi-fc63b0c2-b19d-47ca-adaa-678f889ad058.JPG

Como se pode ver, para alguém que já trabalhou todo emporcalhado em oficinas mecânicas e em fazendas. Dá para encarar a sujeira do local com muita tranquilidade. 

Para não deixar a leitura muito extensa, vou repartir esta postagem em duas ou três partes. 

Eu ainda não me tornei um agente penitenciário, ainda estou como analista educacional. A primeira vez que comentei sobre isso aqui no blog foi nesta postagem.  

Porém muita coisa mudou de lá para cá! Se as condições fossem as mesmas, com certeza eu iria para o ASP, porém recebi um aumento salarial (na verdade, meu cargo público sofreu), onde meu salário foi de R$ 2.200,00 para R$ 3.300,00 bruto. 

Tenho até o dia 20/01/2017 ou menos para dar meu parecer final sobre isso! Trocar de concursos ou não trocar? Até hoje não me decidi. O lugar onde estou é muito tranquilo e bom, e sempre vou estar rodeado de pessoas com índoles melhores que as que estão presas. Porém em termo salarial, a área da educação nunca, mas nunca chegará nem perto do Área da Segurança Pública.

E você, o que faria?

Não perca as próximas cenas.

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3 de fev. de 2017

Atualização Patrimonial Janeiro 2017 - R$ 102.843,22

Agora sim, já posso andar com uma dessas!
É isso aí! =D

Rompi a famosa barreira dos 100k, meu bolo fecal agora já está em outro nível! De um miserável agora me tornei um "pé-rapado".


pé-rapado - dialeto mineirês para perfilar uma pessoa miserável, inculta e feia!

pé-rapado!
Bom há muito tempo atrás, lembro de ter escutado no blogosfera de finanças que haviam três grandes barreiras a serem quebradas para um pobre investidor. Elas são: 
  1. 100 mil;
  2. 300 mil;
  3. 500 mil.
Se não me engano, era o próprio pobretão quem falava isso, mas não posso afirmar que foi lá que ouvi sobre essas três grandes barreiras.

De qualquer forma, superar a casa dos cem mil é um marco histórico para minha vida. Almejava este número há muito tempo e  estou me sentindo um pouco abestalhado, pois agora que estou aqui vejo que este valor não é tão significante.

Como nos iludimos fácil!

Mas há sim um pequeno poder pessoal que este valor nos trás, me sinto seguro ao andar nas ruas, sabendo que se eu quiser, posso também comprar um GOL novo, até mesmo um Honda Civic usado.

Estou me sentindo tão bem que, foi, mas foi muito difícil me segurar para não comprar um pc gamer de 5 mil reais, tinha posto para mim mesmo que ao chegar nesse valor iria me dar um presente, e um pc gamer é algo que há muito tempo eu quero. 

Posso jurar para vocês que desde os meus 17-18 anos eu queria um pc para jogar on line. Lembro de ir a lan house da minha cidade e ficar vendo o povo jogar Age of Mythology, WarCraft III, Dota  on line. Eu jogava um pouco em Lan, mas não era o suficiente. Rsrsrsrsr

Fiquei horas e horas, dias e dias namorando um pc na Pichau. Gastei muitas, mas muitas horas no mês de Janeiro namorando os pcs da loja.

Mas no conjunto, pc, monitor teclado eu vou gastar uns 5 mil!!!! ... Éeeee muita grana!!!!!

Já fui incontáveis vezes na aba para fazer o pagamento e fechar a compra, mas quando vejo 5 mil, eu que estou a anos e anos juntando centavos, me dói o coração desfazer de tanto dinheiro. Ao mesmo tempo porém, me sinto mal, mas muito mal mesmo por não ter coragem sequer de comprar algo que há muito tempo eu quero.

Meu plano era postergar essa idéia até ela passar, mas o desejo está é ficando mais forte, me consumindo até. Acho que vou acabar cedendo e comprando o pc gamer. Porém tenho medo de me arrepender amargamente, com essa grana dava para eu tirar minha carteira de moto e comprar uma bis usada e não depender mais de ônibus para ir pro trabalho. Por outro lado, isso pode ser até bom, vai que eu bata essa moto e fico paraplégico!

Sou muito indeciso, um defeito grave em mim, não sei tomar decisão e fazer escolhas!

Quem aí trocaria um carteira A e uma moto velha usada, por um pc gamer top?

Resumo financeiro

Financeiramente o mês de Janeiro começou muito acelerado, como meu carro é de 91, os gastos com impostos, seguros e taxas, ficaram em torno de R$ 500,00. É uma bela facada!

Sem contar que tive mais R$ 800,00 de gastos em oficina mecânica, esses mecânicos estão o olho da cara! Agora entendo porque nos países ricos ninguém conserta carro, é mais barato comprar um novo do que ficar pagando mecânico. No Brasil, se os preços dos carros fossem mais civilizados, aposto que essa cultura também chegaria aqui. O setor de serviços está muito, mas muito caro, até cortar o cabelo está ficando difícil, R$ 20,00 pra passar a maquina na sua cabeça e ainda tem de ficar esperando pacientemente em uma fila.

As Ações tiveram um aumento de capital considerável este mês, chegando a um up side de 10,41%. A estrela foi a bosta da CMIG4, empresa fudida onde foi meu primeiro aporte em ações, mesmo com ela aumentando 18,3% só este mês e somando seu aumento no ano de 2016 que foi de 24,8% eu ainda estou com -36% de prejuízo! 

Pela primeira vez fico com o resultado histórico positivo na classe ações!

É ou não é para comemorar!!! - AÇÕES -
Os fundo imobiliários tiveram sua "monótona" subida na casa dos 1% mensais. A grande novidade é que em Janeiro encarteirei mais um fii, o FEXC11B. Sei que o time não é dos melhores, comprar FII de papel em meio a queda de atratividade da Renda Fixa, e juros. Mas optei pelo equilíbrio da carteira em vez do time. Dos 4 fiis que eu tinha, 3 eram de tijolos ( 2 lajes comerciais e 1 shopping), então pelo equilíbrio, optei em inserir um de recebíveis imobiliários em vez de outro de tijolo. Tenho agora 5 fiis:
  • KNRI11 - Lajes Comerciais;
  • BRCR11 - Lajes Comerciais;
  • HGBS11 - Shopping;
  • JSRE11 - Recebíveis;
  • FEXC11B - Recebíveis;
Agora é só ir aportando até o danado chegar aos 5 mil.

FIIs

Neobux e trades: Devido a forte queda que o dollar vem sofrendo, tive uma queda de patrimônio nesta classe de -3%.  Nada muito sério, os proventos que eu recebo deram uma caída também, já que eu recebem em $ e quando converto para o real (paypal ganha uma graninha boa de mim, nessas conversões) os valores acabam sendo convertidos em níveis menores do que antes. Mas ainda sim, acima dos R$ 500,00.

Neobux, meu investimento de ouro!!

Renda fixa: Não há nada que eu possa acrescentar aqui. Todos já leram na mídia que o rendimento está caindo para 1 digito em 2017, e com isso o aumento patrimonial também irá cair. Tesouro Direto teve seu crescimento monótono também de 1% e já acumula alta de 15%. É sem dúvida, a 2º classe de ativo que mais me deu alegria até hoje, porém, segundo dizem, seu tempo de glória está chegando ao fim. E agora José?!.

Tesouro Direto!

Pessoal

Como disse no início, passei horas e horas assistindo vídeos no youtube, sobre como montar pc gamer, gameplays dos jogos atuais, sonhando em jogá-los. Minhas horas vagas se resumiram a isso este mês.

Estou com minha ficante séria, já faz 8 meses! Ela é muito gente boa, carinhosa, submissa, paga sempre a parte dela quando saímos para comer fora... porém, é meia boca na aparência. Como pode um simples detalhe como este impedir que uma paixão louca floresça. A minha ex fazia coisa terríveis, me caçoava, implicava comigo por não levar ela para sair, fazia jogos mentais, não pagava a conta e mesmo assim eu tinha obsessão por ela. A mesma era superior a esta atual garota apenas na aparência e na inteligência social. Por qual motivo isso acontece?

Outra coisa que rompi também foi a barreira dos 80 Kg. Pela primeira vez na vida, cheguei a 81 Kg, e minha barriga não para de avolumar e não ando com a menor disposição de pagar R$ 100,00 para ficar puxando ferro! Faço duas horas de atividades física na semana, em um parque público aqui da minha cidade, mas isso não é o suficiente para conter meu aumento de gordura, é o peso da 3º idade chegando juntamente com meu trabalho mais fácil e cômodo.

Foram tantas barreira rompidas em Janeiro!

  O que estou devendo:

A fim de aumentar minha disciplina, como investidor e aprimoramento. Vou elencar alguns tópicos que acho relevante para meu crescimento como pessoa e investidor. Deixando eles como promessas para mim mesmo, que devo fazê-los.
São os temas escolhidos no momento:
  • 60 horas na prisão. Como é estar preso neste ambiente;
  • Análise da minhas ações em carteira;
  • Análise dos meus FIIs em carteira;
  • Atualização da página Carteira;

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