1 de abr. de 2009

Guerreiro da Luz


Esse é um prelúdio que fiz para um personagem de RPG

“Aquele cheiro forte pairava no ar, tomando conta de toda cabana, o silêncio do local só era perturbado pelo estalar forte das chamas. O velho, ali sentado sobre seus calcanhares, dirigia em direção de sua boca, o líquido verde e forte, com o intento de afastar o frio que tomava conta de todo local, suspirou profundamente, tão profundo-o quanto estava perdido em suas reflexões, olhando por entre o portal da cabana, podia vê-lo, debaixo de toda neve que não parava sequer um instante de cair, vagarosamente como se conhecesse o destino que lhe aguarda, não só destino dela, mas o destino de toda criatura desta terra, o velho disse como se fosse um suspiro, o vento frio e cortante que ali tomava conta, era repelido por socos e chutes de seu pupilo, que repetia-os incessavelmente; observando-o por algum tempo o velho teve a certeza de que ele não fazia isso por amor ao seu treinamento, não, estava longe disso, sabia que o que alimentava seus punhos e pés era a fúria presente em seu coração, uma fúria da qual queria-o livrar, e o único jeito que encontrou foi esse.

Retornando suas atenções para dentro da cabana, ele se deparou outra vez com os registros que ali estavam, uma pequena carta que aparentava muito velha, mas que fora guardada com o intuito de preserva-la por anos. Como dizer isto a ele, e se cair em mãos erradas, o velho pensou, com pena do que poderá acontecer se souberem a verdade, o vento entra com toda força na cabana, trazendo não apenas o cheiro do orvalho da manhã, mas carregado de lembranças, lembranças de quando encontrou o garoto.

Por entre as planícies do sul da Rússia, vinha lentamente sobre os ombros de um búfalo Rastro-da-verdade, o velho da cabana, o céu estava tomado por uma laranja que se via até aonde a vista alcançar, no caminho ele ainda fitava a carta, a ele deixada por um pombo, era a carta de um velho amigo que há muito não o via, então lera a carta mais uma vez;

“Meu bom e velho amigo, cujos feitos são lembrados e apreciados por todos Garous, venho há esta com o intento de pedir sua ajuda, estou num dilema que não encontro resposta, há alguns anos presenciei algo que nunca tinha ouvido falar, nem nos registros de prata encontrei nada a respeito, creio que nem você com toda sua sabedoria reconhecida por todos, viu algo assim... minha neta, cujo sangue Garou prevaleceu, recebeu o pior golpe que já vi dado pela Wyrm, tenho vergonha até de dizer o ocorrido, mas é como você mesmo diz: “Não se pode nunca correr da verdade, pois ela é, o equilíbrio de tudo;” ela foi seduzida, melhor corrompida por um Garou da Wyrm, e o fruto dessa desgraça foi o nascimento de uma criança, que herdou a fúria de seu pai. Eu e meu Caern, sendo Presas de Prata e filhos da Wyld, não poderíamos deixar que isto se passasse em pune. Uma grande caçada foi formada para acabar com a traidora a que manchou o nome de Gaia e dos Presas de Prata... o resultado você já sabe qual foi, um Caern inteiro ardendo em fúria, nem mesmo a mais poderosa das criaturas poderia sair viva, mas cometi um erro, as súplicas de minha neta ela me pediu para esconder a criança, então este velho tolo e cheio de compaixão não conseguiu dizer não. Os pais de Rebeca concordaram em criar a criança, estavam tão desesperados com o acontecido, que a aceitaram de coração aberto, mas nem o carinho deles fora capaz de apagar a chama em seu coração que afetava a todos que ficassem perto da criança. Agora ela já adolescente não há como controla-la, tem poder demais para ficar entre os humanos e não é digna de estar entre os Garou, estes se souberem que é filha de um Espiral Negra com certeza não a deixarão caminhar nem mais um dia. Então lhe peço, venha e me ajude, a decidir o futuro dela, sendo um Portador da Luz é o mais sábio e experiente que eu, não suportarei mais este fardo por muito tempo, Uivo Celeste”.

Com um suspiro o velho ancião guarda a carta, fazendo pra si mesmo a seguinte pergunta: - será mesmo isto verdade?. Já podia avistar, no horizonte, a silhueta de seu velho amigo, estava mais velho do que imaginara, a corcunda que ele apresentava agora era o reflexo do seu fardo, então Rastro-da-Verdade ficou triste por não ter vindo mais cedo, ao chegar bem perto pode ver. os olhos de fúria do jovem garoto, olhando para ele como se ele fosse responsável por todos males da Terra.
Uivo Celeste o recebeu com a seguinte frase:

- Como é bom velo, já fazia anos que esperava por isso.
- Peço desculpas, meu velho companheiro e amigo, por não vir mais cedo.
- O importante é que veio. E põe a mão sobre o ombro do garoto como se quisesse já a resposta que a muito tempo espera.

Rastro-da-Verdade percebe a aflição de seu companheiro, como se estivesse escondendo o menino até hoje, com certeza os membros de sua matilha a quer morta, então ele encara o garoto olhos nos olhos como se estivesse lendo sua própria alma, e este não mudou nem sequer a maneira de olha-lo, pelo contrario deixava transparecer mais raiva ainda em seus olhos, então o julgamento estava feito, ele viu tudo o que queria, com apenas um olhar ele pode ver o futuro que aguardava o garoto, com certeza iria sucumbir a fúria e esta lhe destruiria não só a ele mas a muitos a seu redor. Será que o certo a fazer era o que o Caern de seu amigo queria ter feito a muito tempo? Ficou se perguntando. Então ele percebe algo de estranho, sim podia sentir mais forte do que nunca, os espíritos dos antigos Garou deixaram a marca naquela criança, e agora ele se lembra dos Uivadores Brancos, dos registros deixados que contava a história dessa tribo, este garoto é um descendente deles e possuí o sangue ainda puro, ele não está ainda sobre do domínio da Wyrm... Rastro-da-Verdade perplexo pelo que acabara de ver, virou-se para seu velho amigo proferiu as seguintes palavras:

- Meu velho companheiro, em sua escolha de deixar esta criança viver você acabou dando uma segunda chance aos Uivadores Brancos, de se remediarem perante a Wyld, nossa mãe, eu agradeço aos deuses por me colocarem no caminho desta criança, irei ensina-la tudo o que sei, mesmo correndo o risco de que a história se repita...(...)
Era uma bela manhã aquela, o verão já tinha chegado e a neve parado de cair, os dois ao redor da mesa de desjejum, fitavam o horizonte azul adornado pelas nuvens brancas, então o mestre vira para seu pupilo, ele sabia que adiou mais do que deveria essa hora: - Meu grande aluno, creio que você já deve ter em mente o que vou lhe dizer agora, como você já sabe, se ficar aqui mais tempo estará desperdiçando sua estadia nessa Terra, sabe que aqui não achara mais resposta alguma, chegou o tempo de você mesmo responder as suas perguntas, porque as minhas respostas não são as mesmas de que precisa. O jovem olhou-o profundamente, mas não com aqueles olhos de anos atrás, ele agora tinha o controle de sua própria natureza, não deixou de notar a seriedade que continhas as palavras de seu mestre, que considerava como pai:

- Mestre estás enganado, profundamente enganado, nem em dez vidas poderei ser tão sábio quanto o senhor é, por isso peço que me ensine por mais tempo; e leva a cabeça até o chão esperando a resposta. O velho o olha contemplando-o, vendo o quanto estava maduro ele nem percebera o quanto cresceu em espírito e corpo, com certeza já está na hora de fazer o que o seus ancestrais tanto esperam, e lamentou por não poder fazer mais nada para aliviar o fardo que seu aluno leva:

- Está na hora de nos separarmos, mas quero que saiba que meu espírito sempre estará perto de você, ajudando-o no que for possível, lhe darei um presente para que seja conhecido e aceito por todos os de nossa tribo. Então ele se levanta e começa a orar por todos espíritos do mundo, e centenas deles aparecem:

- Quero que corram meus amigos, e avisem a todos de minha tribo e nossos aliados, que este filhote, que leva minha marca.

Ele aponta para o criptograma no Pescoço do jovem, feito por ele,

- agora pertencerá a nossa filosofia e tribo, os Portadores da Luz Interior, digno de receber todos os ensinamentos que nos foi concedido, por Luna e o grande Quimera, e iniciado nos mistérios que nos cercam, e agora ele não é mais um Garou perdido como se vê a primeira vista, ele será conhecido por nós como o Guerreiro-da-Luz, um dos poucos que ainda é puro o bastante para afastar a corrupção de si mesmo.

E com um estrondo ensurdecedor os espíritos ali, saem em cavalgado pelo ar. O jovem agora com o nome de Guerreiro-da-Luz, olha para seu mestre com os olhos cheios de água, pela tamanha dádiva que lhe foi dada, e com a garganta em nó:

- Mestre prometo que sempre o honrarei, com todas as forças do mundo farei isso, e usarei seus ensinamentos para proteger a todos que encontrar no meu longo caminho. Então o velho olha-o sabendo das sinceridades dessas palavras, então ele retira do bolso uma carta em forma de pergaminho, a carta de seu velho amigo:

- Vá agora Guerreiro, siga o seu caminho e responda a suas perguntas, este é um presente que o entrego em nome de seu bisavô, Uivo Celeste, e quero que leia o que está escrito, quando achar que finalmente derrotou a sua Wyrm interior, vou continuar seguinte meu caminho...(...).

O Guerreiro-da-Luz, agora vaga pelo solo de Gaia, para honrar seu mestre e encontrar seu caminho numa busca infindável”.



2 comentários:

  1. Uivadores Brancos, a tribo extinta...
    Moral da história: não dance com a espiral negra!

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  2. Self-Made Man

    Verdade, melhor deixar a corruptora de lado e não tentar entender seus mistérios.

    rsrsrs

    Adoro este personagem de lobisomem.

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